Crianças com Triglicérides e Colesterol Elevado

É verdade que muitas crianças estão com os triglicérides e o colesterol ruim acima dos níveis considerados normais?

Uma pesquisa da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas, SP) com 1.937 crianças e adolescentes entre dois e 19 anos atendidos no Hospital das Clínicas da Universidade constatou que quase metade deles possui triglicérides e colesterol elevado.

44% das crianças têm níveis de colesterol elevado

Segundo o estudo, 44% dos pesquisados apresentaram índices elevados de colesterol.

“Eu exagerava nos alimentos ricos em gordura quando tinha 11 anos e meu colesterol estava em 269 mg/dL. Então iniciei o tratamento com dieta e esportes. Hoje meu colesterol é 160 mg/dL”, diz a estudante Jéssica Rossi Ruggeri, 17 anos, que ainda precisa diminuir seu índice.

A pesquisadora responsável, Eliana Cotta de Faria, do Departamento de Patologia Clínica da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, atribui os altos índices a fatores de risco como sedentarismo, má alimentação, obesidade e diabetes, além da hereditariedade.

De acordo com a pesquisa, 44% das crianças entre dois e nove anos apresentaram valores alterados do colesterol total, 36% delas, do LDL (colesterol ruim) e 56%, dos triglicérides.


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Os altos índices de triglicérides estão associados a um risco maior de doença coronariana.

O resultado foi muito similar no grupo dos adolescentes e jovens de 10 a 19 anos.

“Não é de se estranhar que a população hospitalar tivesse índices um pouco mais altos. Mas não imaginávamos que estes índices seriam tão altos”, diz Faria.

Não há dados brasileiros sobre a taxa de colesterol entre crianças e adolescentes, e, segundo Ieda Jatene, presidente do departamento de cardiologia pediátrica da SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia), não é possível extrapolar os números encontrados na Unicamp para o resto do país.

Crianças com colesterol elevado

– Gordura trans

Para Roseli Sarni, pediatra e Presidente do Departamento de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, uma das explicações para os níveis elevados de colesterol, além de maus hábitos alimentares em geral, é o mau entendimento dos rótulos de produtos com gordura trans.

“Quando a mãe lê ‘zero’, ela entende que o alimento é livre desse tipo de gordura, o que não é verdade”, diz.

A legislação admite que o fabricante diga que seu produto tem “0% de gordura trans” quando tem até 0,2 g do elemento por porção. Com isso, a criança é liberada a consumir alimentos com esse tipo de gordura.

A prevenção, segundo Eliana Faria, começa com o estilo de vida da família, que é transposto para a realidade da criança.

“Uma criança não pode decidir comer mais legumes se os pais não compram legumes”, diz.

– Como reduzir os níveis

Para diminuir os níveis de triglicerídeos e colesterol ruim no sangue, devem ser priorizados dieta balanceada e exercícios físicos.

É preciso estimular o consumo de frutas, verduras, legumes, peixes marinhos e azeite de oliva, reduzir o consumo de frituras, açúcares e gorduras, e preferir alimentos integrais (menos o leite integral, que tem gordura demais).

As mudanças, no entanto, não devem ser drásticas, pois a criança pode ficar ainda mais resistente em mudar sua alimentação.

Ou seja, começamos com uma mudança quantitativa, para depois fazer a qualitativa. Isto é: o recomendado é reduzir alimentos que aumentam os triglicerídeos e o colesterol ruim, para, gradativamente, substituí-los por opções mais saudáveis.

Por outro lado, é necessário estimular as atividades físicas, pois as crianças e os adolescentes estão cada vez mais sedentários.

– Medicamentos eficazes

A Academia Americana de Pediatria já tomou uma decisão radical em relação às crianças com colesterol elevado: orientou que os pequenos acima de oito anos sejam medicados com fármacos (estatinas) para prevenir doenças cardíacas.

No Brasil, os pediatras indicam medicamentos a partir dos dez anos, mas apenas para crianças com uma doença genética chamada hipercolesterolemia familiar, que eleva os níveis de colesterol, independentemente do estilo de vida individual.

Para as demais, eles defendem uma dieta equilibrada associada a exercícios físicos.

A cautela tem justificativa. Não há estudos a longo prazo sobre o uso das estatinas em crianças ou que mostrem que, usando a medicação precocemente, elas estarão mais protegidas do que aquelas que iniciaram a terapia na vida adulta.

Recomendações finais

A maioria dos brasileiros tem o mau hábito de abrir o resultado dos exames e pedir opinião a pessoas que não conhecem o quadro clínico do paciente. 

Em vez de fazer isso, leve os resultados ao pediatra que os solicitou.

Ele é o profissional que realmente conhece o caso do seu filho e saberá interpretar os resultados melhor do que ninguém.

Baseado nisto e se houver necessidade, pode ter certeza que o profissional lhe indicará o tratamento que for mais adequado.

Você também poderá gostar de ver:

=> Como baixar o colesterol LDL de forma natural.

Foi tudo pelo momento. Esperamos que tenha achado útil este artigo sobre as crianças e adolescentes com triglicérides e colesterol elevado. Que tal começar a mudar os hábitos do seu filho hoje mesmo?

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